- Chegamos em Brasília. Daqui a
pouco vamos aterrissar! – Disse Lilian.
- Veja lá embaixo, Lilian, que beleza de
arquitetura! Os prédios dos três poderes simbolizam a modernidade proposta por
Oscar Niemayer e Lúcio Costa.
- É mesmo, Cida! Olha a Catedral, que obra
maravilhosa!
- Daqui de cima, Brasília parece um avião. Dá
pra ver que é uma cidade bastante movimentada. Percebi também que há várias
cidades ao redor da nossa capital federal. Você também observou, Lilian?
- Sim, a construção de Brasília favoreceu o
povoamento do Centro-Oeste que andava meio esquecido desde que os bandeirantes
paulistas exploram quase todo o ouro daqui. Até a década de 1970, o processo de migração interna no território
brasileiro tinha como principais destinos a região Sul e, especialmente, a
região Sudeste, pelo fato delas fornecerem maiores oportunidades de emprego, em razão do processo de industrialização desenvolvido nas
décadas anteriores. Porém, após a década de 1970, com a saturação no mercado de
trabalho da região Sudeste, houve uma diversidade nos fluxos migratórios no Brasil.
- Pois é, eu soube que os grande empresários
do sul e sudeste contaram com incentivos do governo, como isenção de impostos,
baixos preços de terras, financiamentos para compra de maquinários e outras
necessidades para a expansão da fronteira agrícola no oeste brasileiro. –
observou Cida.
- Essas estratégias também foram adotadas no
Nordeste, como estímulo ao crescimento da região, você sabia, Cida?
- Já li reportagens sobre isso, sim, Lilian. As
cidades de Fortaleza, Recife e Salvador foram as mais favorecidas. Mas o Sertão
também foi beneficiado com a agricultura de soja e feijão. As empresas
multinacionais investiram em irrigação e fizeram o sertão produzir, com o apoio
governamental, é claro.
- Cida, por falar em soja, sabia que a Região
Centro-Oeste é considerada “O celeiro do Brasil” ?
- É mesmo! Ela abriga a maior plantação
contínua de soja do mundo! São lindos campos verdes preenchendo os latifúndios
da região. – comentou Cida.
- Só que esses latifúndios não têm a mesma
origem histórica do Nordeste. Lá eles são frutos da colonização portuguesa que propôs
uma estrutura fundiária que privilegiava os nobres, deixando os índios, negros
e pobres excluídos. Já no Centro-Oeste,
foi uma estratégia do governo para estimular o povoamento desse espaço
geográfico. – Alertou Lilian.
- Nossa! O Sul e o Sudeste estavam e ainda
estão “inchados”. A expansão da fronteira agrícola e maiores investimentos em
infraestrutura proporcionou o fortalecimento e ampliou ainda mais os fluxos
migratórios para a região Centro-Oeste.
- É mesmo, Cida. Nas últimas décadas, a região sofreu uma
série de transformações com impactos consideráveis na estrutura produtiva e
ocupacional.
- Com tudo isso, Lilian, atualmente, o
Centro-Oeste brasileiro recebe migrantes de todas as partes do Brasil. Os
fluxos mais altos procedem do Sudeste e do Nordeste. Li no jornal que em 1980
residiam nessa região aproximadamente 2 milhões de brasileiros naturais de
outras regiões. Esse número representa um aumento de 288% em relação ao ano de
1960. Atualmente cerca de 30% da população residente no Centro-Oeste é composta
por imigrantes.
- Falamos muito da expansão agrícola, mas não
só de agricultura vive o Centro-Oeste, amiga!. Aliás, muito pelo contrário, sua
principal atividade econômica é, historicamente, a pecuária, respondendo por
cerca de 36% da produção nacional. É o maior rebanho do Brasil! – exclamou
Lilian.
- Essa
é região que mais cresce no Brasil –
afirmou Cida. Também... a natureza favorece! As condições naturais do clima,
com chuvas regulares durante todo o ano; o relevo plano e as árvores espaçadas
e baixas da vegetação do cerrado, facilitam o desmatamento e o uso de máquinas,
na agricultura. A indústria também lucra, uma vez que o custo das construções fica
mais barato.
- Há o lado favorável, mas o solo do cerrado
não é bom para a agricultura. Ele é muito ácido e pobre em nutrientes! –
observou Lilian, mostrando que sabe das coisas.
- Ah, amiga! Estamos no século XXI... A
tecnologia sopra a favor da economia... – brincou Cida.
- Como assim? – perguntou Lilian com
curiosidade.
- Pesquisas mostraram que a adição de
calcário ao solo resolve o problema da acidez. Essa técnica recebe o nome de
calagem. E para o problema da falta de nutrientes, dá-lhe adubo e fertilizante!!!
Viu, para tudo dá-se um jeito!
- É, Cida, assim o agronegócio se torna mesmo
a principal atividade econômica da região. A agropecuária tem se destacado no
fornecimento de matéria-prima para indústrias de alimentos e de
outros setores do Brasil e do exterior, principalmente carne, soja, algodão,
milho, cana-de-açúcar e arroz.
- Oba! Chegamos.
Vamos direto para o hotel tomar um banho e depois sairmos para passear?
- Claro, Lílian.
Estou ansiosa para conhecer as belezas de Brasília. Ah! Não se esqueça de levar
um agasalho porque à noite aqui esfria muito.
Dois dias se
passaram...
- Cida, estou só
imaginando como deve ser o Pantanal, aquele santuário ecológico que só conheço
pela TV e pela internet. Deve ser o máximo!!!
- A má notícia é
que com o crescimento da região, tudo ficou mais valorizado, inclusive o preço
dos hotéis, não é, Lílian? Mas vamos embora. Está na hora do avião...
Durante a
viagem...
- Cidaaa, olha lá
embaixo...É lindo demais e parece estar conservado, ao contrário do cerrado que
cedeu espaço para o progresso econômico do Centro-Oeste.
- É verdade,
amiga!As inundações anuais e a baixa fertilidade
dos solos são as principais razões pelas quais o Pantanal ainda está
praticamente intacto. Essas características naturais impediram a ocupação
humana, o avanço da fronteira agrícola e o uso intenso dos solos.
- Sabia que tinha
uma causa natural, caso contrário os poderosos já estariam de olho no Pantanal!
Já estariam ameaçando pelo menos
3.500 espécies de plantas, 463 de aves, 124 de mamíferos, 177 de répteis, 41 de
anfíbios e 325 espécies de peixes de água doce.
- Que isso,
Lílian! Você parece uma enciclopédia ambulante!...
- Kkkkkkkk
... Que nada, menina! Eu estou lendo tudo isso neste panfleto turístico aqui,
olha só!
- Deixe-me ver! Leia esta informação aqui: “Aproximadamente 83% da planície do Pantanal estão em excelentes condições de conservação e abrigam populações saudáveis de espécies ameaçadas de grandes mamíferos e aves, que praticamente desapareceram em outros estados brasileiros. A arara-azul-grande, a ariranha, e o cervo-do-pantanal são algumas espécies ameaçadas que podem ser vistas facilmente no Pantanal.”
- Deixe-me ver! Leia esta informação aqui: “Aproximadamente 83% da planície do Pantanal estão em excelentes condições de conservação e abrigam populações saudáveis de espécies ameaçadas de grandes mamíferos e aves, que praticamente desapareceram em outros estados brasileiros. A arara-azul-grande, a ariranha, e o cervo-do-pantanal são algumas espécies ameaçadas que podem ser vistas facilmente no Pantanal.”
- Olha, esta aqui Cida: “Pelo seu estado de conservação, a sua rica
biodiversidade e suas particularidades, o Pantanal é considerado uma das 37
últimas Grandes Regiões Naturais da Terra.” Estou emocionada por estar tendo a
oportunidade de conhecer este Paraíso!
- Não quero
jogar água na fogueira, Lílian, mas infelizmente, o Pantanal sofre constantes ameaças, sim. A
maior parte delas está relacionada ao desmatamento do Cerrado. Os principais
rios do Pantanal nascem nos planaltos e nas chapadas desse domínio vizinho, que
sofre profundos problemas ambientais associados à intensa produção agrícola. A
ocupação humana e a atividade pecuária também representam ameaças pela
conversão de florestas em pastagens.
- Ah! Estava
mesmo muito bom para ser verdade. Este dado do panfleto confirma o que você
está falando, Cida. Veja: “Estudo da Conservação Internacional sobre o desmatamento na
Bacia do Alto Paraguai, realizado em 2006, alerta para o risco de
desaparecimento da vegetação original do Pantanal nos próximos 45 anos.”
- Não disse!!! Tem mais, a pesca e o turismo sem controle são atividades
potencialmente ameaçadoras à integridade desse conjunto de ecossistemas. Anos
atrás, o Pantanal foi ameaçado por um grande projeto para implantação de uma
hidrovia transnacional. Ela iria desviar os cursos naturais e drenar os
principais afluentes do rio Paraguai, o que provavelmente arruinaria o processo
de cheias e secas com conseqüências desastrosas à fauna e flora.
- Bom, pelo menos
nós duas vamos fazer um ecoturismo. Vamos nos divertir preservando a natureza
do lugar. – Afirmou Lílian, com bastante consciência ecológica.
- Isso!!! A única
coisa que vamos tirar de lá, serão fotografias...
Texto
elaborado por: Profª Cida Perrout
Referências bibliográficas:
Queridos colegas professores,
Caso queiram sugestões de atividades para este texto, visitem a página Dialogando e Aprendendo. Aceito novas propostas...
Abraços carinhosos...
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